Senhores,
Fazei-vos instrumento de vossa saúde.
Onde houver toque, que lave com sabão;
Onde houver tosse, que não leve a mão;
Onde houver discórdia, que louve a informação;
Onde houver dúvida, que leve o gel;
.
Onde houver asma, que livre a aragem;
Onde houver diabetes, que louve a distância;
Onde houver espirros, que seja alergia;
Onde houver contágio, que leve ao SUS.
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Ó Médicos,
Fazei com que se procure mais
Isolar, que ser infectado;
obedecer, que ser contaminado;
alarmar, que ser descuidado.
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Pois é pegando que se tem febre,
E propagando, não se é perdoado,
e só vencendo o Covid torna a vida terna.
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Rubem Penz, nascido em Porto Alegre, é escritor e músico. Cronista desde 2003. Entre suas publicações estão “O Y da questão” (Literalis), “Enquanto Tempo” (BesouroBox) e “Greve de Sexo” (Buqui). Sua oficina literária, a Santa Sede – crônicas de botequim, dez antologias, foi agraciada com o Prêmio Açorianos de Literatura 2016 na categoria Destaque Literário. Na RUBEM escreve quinzenalmente às sextas-feiras.
Amém!
😉
Doim! 🙂
Pobres dos mais pobres. Sem saber onde encontrar o pão, morrerão pela fome. Sem crédito para o celular, sem serviço, sem renda, sem transporte, sem trabalho. Enclausurados no menor dos espaços – o público vago. A criatividade sufocada, a mão de obra amarrada. “Economizem água”, anunciará o rádio.
Legislação fiscal, trabalhista, ambiental, sanitária, segurança do trabalho, direito civil, nunca foram tão lidas, passam por revisões pontuais. O governador do estado, de ser invisível a ser amado. O economista, em algum lugar, cuida da economia, e aquele teu amigo, desprezível por ser contador, faz as contas, dá os rumos, os conselhos mais bestas, você pensa. “Reserve um pouco, ponha outro tanto para circular. Ajuste regras de concessão de crédito. Negocie taxas de juros e prazos de dívidas. Invista na Weg”, lhe dirá.
Há um certo ócio permitindo certo descanso. As pessoas vão levando numa boa. Há um silêncio bom. A música alegre parou de tocar. Não combinava. O rádio – “a rádio!” – começa a rezar. Os mais velhos pedem a deus para morrer nesta hora. “Coisa mais deprimente…” e revisam as preces, de pronto. “Deus não há de atender aos que pedem”.
Sábios tem modelos mentais para tudo. É preciso se ocupar. Pensar direito. Se ao menos aquela encomenda chegasse. Ligar no correio. “Este telefone está programado para não receber ligação”, o aparelho responde. E de repente me lembro de mim mesma. Sou, como os correios, serviço essencial. Sou das ciências sociais. Há espaço para novas verdades. Já não há rancores…
Auri
Palmas.
De reza em reza a gente vai chegar no fim dessa quarentena. Abração! PS: Não pode, então vou piscar o olhinho.
Hahaha! Abraços virtuais, pode! Obrigado, Marco! Abração