Videocassete

Nasceu velho e morreu menino. A tecnologia não rebobina.

Fax

Partiu sem que ninguém compreendesse sua magia.

Pager

Filho prodígio do Bip, morreu jovem. Não conheceu seu neto, o WhatsApp.

Ficha telefônica

Viverá para sempre em nossas analogias.

Cassete

Será eternamente lembrado, ó patriarca das seleções musicais.

Máquina de escrever elétrica

Sua suavidade marcou o fim dos maus tratos às teclas.

Telégrafo

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 Orkut

Soube como ninguém viver em comunidade.

Telegrama

Nasc pt do escr pt abrev pt Saud pt eterna pt

Cartão de Natal

Reencarnou no plano digital.

Agenda Eletrônica

Esquecida em vida, esquecida depois da morte.

Lista Telefônica

Ah, esta foi grande!

Disquete

Em seus momentos de glória, sempre foi fino.

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Rubem Penz, nascido em Porto Alegre, é escritor e músico. Cronista desde 2003. Entre suas publicações estão “O Y da questão” (Literalis), “Enquanto Tempo” (BesouroBox) e “Greve de Sexo” (Buqui). Sua oficina literária, a Santa Sede – crônicas de botequim, dez antologias, foi agraciada com o Prêmio Açorianos de Literatura 2016 na categoria Destaque Literário. Na RUBEM escreve quinzenalmente às sextas-feiras.