Videocassete
Nasceu velho e morreu menino. A tecnologia não rebobina.
Fax
Partiu sem que ninguém compreendesse sua magia.
Pager
Filho prodígio do Bip, morreu jovem. Não conheceu seu neto, o WhatsApp.
Ficha telefônica
Viverá para sempre em nossas analogias.
Cassete
Será eternamente lembrado, ó patriarca das seleções musicais.
Máquina de escrever elétrica
Sua suavidade marcou o fim dos maus tratos às teclas.
Telégrafo
.— .- –.- .. … – . . … –.- . -.-. . .-. . ..
Orkut
Soube como ninguém viver em comunidade.
Telegrama
Nasc pt do escr pt abrev pt Saud pt eterna pt
Cartão de Natal
Reencarnou no plano digital.
Agenda Eletrônica
Esquecida em vida, esquecida depois da morte.
Lista Telefônica
Ah, esta foi grande!
Disquete
Em seus momentos de glória, sempre foi fino.
__________
Rubem Penz, nascido em Porto Alegre, é escritor e músico. Cronista desde 2003. Entre suas publicações estão “O Y da questão” (Literalis), “Enquanto Tempo” (BesouroBox) e “Greve de Sexo” (Buqui). Sua oficina literária, a Santa Sede – crônicas de botequim, dez antologias, foi agraciada com o Prêmio Açorianos de Literatura 2016 na categoria Destaque Literário. Na RUBEM escreve quinzenalmente às sextas-feiras.
Conheci todas… o que significa que estou ficando obsoleto (além de obeso). Muita boa (foi escrita à mão?).
Hahahahaha! Não, mas merecia. Com caneta tinteiro, mata-borrão em papel almaço.
Abraços! (estes não morrem jamais)
Maravilha!
Contigo, duas, então! Beijos
E o mimiógrado? Morreu de cirrose?
Espetacular! Valeu, Camila!
JÓIA!( pra combinar o elogio com o cronista). Isso é CRONOSCOPIA.
Corretor desacertou minha escrita: era pra ser elogio com CRONOS.
Soraia, o corretor é um pândego!
Muito obrigado, beijão, Rubem
vi isso tudo também, menos o telégrafo. Menciono um: o walkman.
Marco, tens razão – fui injusto ao esquecer do walkman. Boa lembrança, boa lembrança.
Abraços, Rubem
Os nossos olhos parecem sempre querer se voltar ao passado.
Resistência boba.
Tique nervoso.
Hábito.
Voltassem para o presente que clama para que seja anunciado um novo futuro para o futuro – visualizariam os crematórios cedendo metade da área construída às clínicas especializadas em reciclagem de órgãos.
Depois de tanta tecnologia gerada, nascida, crescida, morrida – sem ser em vão! – por que é que ainda desperdiçamos os nervos de pianistas falecidos em acidentes de trânsito, com tanta gente querendo nervos de pianista nos dedos das mãos?
Caso alguém se interesse por cordas vocais novas, um dia teremos muitas, em estoque, de segunda mão.
Auri