Viva a crônica brasileira.

Em pleno 2022, momento em que se completam 170 anos da primeira crônica-folhetim, publicada por Francisco Octaviano, o gênero consagrado pelo velho Braga segue repercutindo no mercado editorial brasileiro. RUBEM entrou em contato com mais de uma centena de editoras no país e traz ao público um listão com os lançamentos do primeiro semestre de 2022.

Segue a lista, por ordem alfabética das editoras que atenderam ao nosso chamado:

Arribaçã
Cajazeiras/PB

A fonte dos relâmpagos (Braulio Tavares) – O livro reúne textos do autor sobre cultura popular. Neles, Braulio comenta a obra de Leandro Gomes de Barros, mostra o precursor do cordel nordestino, mostra as semelhanças entre a sextilha e o blues, lembra de Zé Limeira, explica as características do repente, da glosa e ainda mostra as origens de palavras como “oxente” e “vôte”.

Companhia das Letras
São Paulo/SP

Lembremos do futuro (Julián Fuks) – Em trinta crônicas selecionadas, escritas nos períodos mais críticos da pandemia, Julián Fuks reflete sobre a perda e a solidão, a fragmentação do tempo e as incertezas futuras de um país. Mas nestas linhas há também esperança: pelo que podemos construir, ou reconstruir, a partir de nossas experiências.

Cousa
Vitória/ES

Planeta ontem (João Moraes) – “Em cada frase há um desconserto, algo que dói demais e que só doía no João Moraes e agora vai doer em quem ler, não tem mais jeito, o brinquedo que abandonei porque quis, as lições esquecidas no papel almaço, tardes de que não gostava, um estojo de primeiros socorros, ok, mas vazio, a frase surrealista: “Lembrei que não tínhamos dinheiro para comprar uma árvore”. O atravessar do tempo, um destrambelho, que se é memória é porque não deu certo”. Do posfácio de Hugo Sukman.

Editacuja
São Paulo/SP

Cinematógrafo: crônicas cariocas (João do Rio) –  A Editacuja traz uma seleção de 20 crônicas das 45 que compõem o livro de João do Rio, publicado em 1909. Seus textos passeiam entre a reportagem, o testemunho e o literário, nos guiando pela belle époque carioca. E, para além dela, seu olhar – que tudo vê – nos leva através da cidade, das ruas, de seus personagens e seus temas. A reedição faz parte da Coleção Flanar.

Kotter Editorial
Curitiba/PR

Era sábado (Sandra Modesto) – Para Sandra, a crônica deve abraçar o cotidiano. Sendo assim, esta obra reúne conflitos e relações marcantes em textos que intercalam passado e presente, produzidos no Brasil de 2017 a 2021, alguns deles publicados anteriormente no portal Crônica do dia e no Jornal de Caruaru. Na coletânea, há textos narrados em primeira e terceira pessoa que entrelaçam o universo feminino e as perdas no país pandêmico.

Maré
Colatina/ES

No meu lugar: crônicas de uma cidade centenária (Renata Santos) – “As crônicas que compõem este livro foram originalmente publicadas no jornal ‘O Colatinista’, nos anos de 2008 e 2009, época em que eu residia em Colatina”, conta Renata, na apresentação de seu livro. “Morando em outro município na ocasião em que me tornei mãe, senti falta da minha terra natal, Colatina, e da minha mãe, dos meus familiares e dos amigos de infância. Talvez, essa saudade aguda explique o fato de eu ter voltado o meu olhar para estes textos”.

Patuá
São Paulo/SP

Crônicas de quarentena e outras virulências (Arzírio Cardoso) – Segunda coletânea de crônicas do autor, a obra foi vencedora do Prêmio Literário Cidade de Manaus. Nela, Arzírio Cardoso, que é poeta e cronista, graduado em Letras e mestre em Estudos de Linguagem e Tecnologia, pela UTFPR, segue seu trabalho com uma prosa humorística e crítica, além de tratar de aspectos significativos da pandemia de covid-19 no Brasil.

Um mundo sem bar (e outras 50 crônicas pandêmicas) (Gilberto Amendola) – A obra reúne textos publicados entre março de 2020 e janeiro de 2022 no jornal O Estado de S. Paulo. O assombro pela pandemia, as questões do confinamento, os relacionamentos virtuais e o absurdo do novo normal estão retratados em textos que perseguem uma improvável leveza. Com a covid-19, compartilhamos (distantes) experiências dolorosas, engraçadas e surrealistas. Algumas delas estão aqui.

Tem uber sofrendo por amor (Nathalia Triveloni) – Na era dos apps – de corrida e de paquera – Nathalia se enveredou por uma pesquisa antropológica cuja principal característica é um interesse apaixonado pelas histórias dos outros. Neste caso, é um ser onipresente e invisível: o motorista de Uber, do qual muitas pessoas desejam apenas o silêncio. É ótimo que além de julgá-los com estrelinhas, alguém tenha tido a ideia de ouvi-los sobre seus amores.

Eterno retorno pra casa: histórias que vivi (e não vivi) em lugares por aí (Pedro Riera) – Entre Itajubá/MG, sua cidade natal, São Paulo, Lima, Londres e Nova York, o autor, filho de um peruano descendente de palestinos e de uma mineira, narra histórias da sua infância até a chegada dos 30 anos. São crônicas e poemas sobre relacionamentos amorosos, sobre a sua família, comida, bares e muitos sobre os lugares que visitou. Mas, em sua grande maioria, são histórias sobre virar um adulto.

Planeta de Livros Brasil
São Paulo/SP

Pra quando você acordar (Bettina Bopp) – Itamar, irmão da escritora e professora Bettina Bopp, ficou em coma por quinze anos. Durante esse tempo – entre a dor de uma perda que parecia se sedimentar a cada dia e a expectativa de que aquele ente querido pudesse acordar a qualquer minuto –, Bettina escreveu crônicas, cartas ao irmão inconsciente. Nos textos, ela contava sobre tudo aquilo que gostaria de dizer a ele: o nascimento do sobrinho, o cotidiano da família, o dia a dia do tratamento.

Talvez a sua jornada agora seja só sobre você (Iandê Albuquerque) – Falar sobre a nossa jornada é falar também sobre aquele medo de dar os primeiros passos pra seguir em frente, sobre tudo o que a gente sente ao longo da nossa caminhada de mudanças: insegurança, saudade, machucados. Sobre todos os sentimentos que a gente encontra dentro da gente e sobre como é difícil o processo de ressignificar alguns e se desfazer de outros. Sobre o processo de se curar, de amadurecer, e de entender o momento em que a gente precisa da gente. Esse livro é sobre isso.

Rua do Sabão
Santo André/SP

Pandemos: Diário da peste (Obra coletiva) – o GENAM (Grupo de Estudos e Pesquisa em Literatura, Narrativa e Medicina da USP) busca analisar e interpretar os diferentes tipos de narrativas produzidas durante o ato médico. Uma doença poderia ser pensada como um personagem, a partir das categorias da literatura comparada? Em mais de uma década de trabalho, o grupo já produziu dissertações, teses e livros. Organiza também um clube do livro, com encontros quinzenais. Da primeira temporada do clube, conduzida on-line em 2020, resultou o livro “Pandemos ― Diário da Peste”, editado pela Rua do Sabão.

Zarabatana Books
Campinas/SP

Paris por um triz (Adão Iturrusgarai) – As aventuras de Adão Iturrusgarai em Paris nos anos noventa, que foram narradas por mais de dois anos na newsletter semanal do autor, Correio Elegante, viraram livro. As crônicas de viagem, com pitadas de ficção, contam as inúmeras tentativas do autor de publicar seus cartuns e histórias em quadrinhos nas revistas e nos jornais franceses. Nas 264 páginas você vai se deparar com as euforias e desilusões que “Adaô” passou na Cidade Luz. E, claro, não poderiam faltar os encontros amorosos ou os desencontros, para infelicidade total do protagonista.

Bônus

Ler crônica é uma das boas coisas da vida, sendo assim, lá vem uma segunda lista. Desta vez, seguem alguns livros lançados em 2020 ou 2021, mas que ganharam reimpressões ou reedições em 2022. Outros só conseguiram ganhar seus lançamentos presenciais em 2022, devido à pandemia de covid-19.

Vamos a eles:

Albatroz
Rio de Janeiro/RJ

Uma cadeira na varanda (Andréa Martins e Silva) – “Senta aqui, puxa uma cadeira e vamos conversar. Deite na rede se achar mais confortável. Fim de tarde no interior é um convite para um bom papo com o vizinho na varanda. Assunto é o que não falta”, eis o convite de Andréa Martins e Silva. Na sua obra de estreia, publicada pela Albatroz, em 2021, a autora reúne cinquenta e oito textos entre crônicas e memórias do interior, o município de Presidente Venceslau/SP, onde Andréa cresceu.

Da vida ao texto (Thaiane Araújo Leite) – Para a autora “a vida é um texto pronto a ser escrito. Cheia de sonhos, desejos e momentos que deveriam ser eternizados. Mas também existe a dor, as decepções e aqueles instantes que poderiam não ter acontecido”. A obra, lançada em 2020, é “um conjunto de crônicas que buscam trazer um novo olhar sobre o nosso cotidiano, com o intuito de mostrar que os acontecimentos mais corriqueiros podem não só nos ensinar, mas também nos transformar, desde que vejamos a vida além da superfície”.

Músicas dão conta de tudo o que a gente sente (Robson Kindermann Sombrio) – “Uma música é só uma música, mas pode se tornar referência de um momento, de alguém. Música muda nosso estado de espírito”, assim começa o livro, publicado em 2020. As crônicas são construídas a partir de reflexões trazidas pela escuta de canções nacionais e internacionais. Além do ponto de partida dos textos, as músicas também aparecem como recomendação antes da leitura de cada crônica, com a indicação “Leia ouvindo: Raul Seixas – O dia em que a Terra parou”, por exemplo.

Arquipélago
Porto Alegre/RS

O espalhador de passarinhos (Humberto Werneck) – Na segunda edição desta obra, o autor senta conosco na calçada para uma conversa saborosa. Há desde memórias do menino até histórias do jornalista. Na coleção do catador de palavras, a festimana e o balandrau. Nas retinas infatigáveis do observador da vida, as separações que não dão certo e os santos de um lugar esquecido por Deus. Um livro que preserva o canto inimitável da crônica brasileira.

Na barriga do lobo (Luís Henrique Pellanda) – O autor convida seus leitores, mais uma vez, a um flanar curioso e criativo pelas ruas de Curitiba. Em 64 histórias escritas entre 2015 e 2020, a obra traduz alguns contrastes característicos das grandes cidades brasileiras. As crônicas retratam um Brasil pré-pandêmico, onde a contemplação de desconhecidos, árvores, pássaros e esquinas permitia abrir frestas na repetição apressada do cotidiano. No final do livro, ante a covid-19, as saudades das ruas e seus personagens reconduzem a atenção do observador para a vida de casa e as janelas da vizinhança excepcionalmente povoadas.

Arribaçã
Cajazeiras/PB

Os ditos do quiçá (Adhailton Lacet Porto) – Natural de João Pessoa/PB, o escritor publica crônicas na imprensa paraibana e pernambucana há bastante tempo e sobre os mais diversos assuntos. Nesta obra, lançada em 2020 e com segunda edição produzida em 2022, Porto aborda temas como literatura, cotidiano, arte e cultura. São crônicas que falam ao leitor e com o leitor.

Companhia das Letras
São Paulo/SP

A fina flor de Stanislaw Ponte Preta (Stanislaw Ponte Preta) – Esta é uma antologia generosa do cronista que marcou época. Extraídas de Tia Zulmira e euPrimo Altamirando e elasRosamundo e os outrosGaroto linha duraFebeapá e Bola na rede, as crônicas reunidas pelo jornalista Alvaro Costa e Silva neste volume trazem o olhar inteligente, mordaz, afiado e debochado de uma das mentes mais brilhantes do humor brasileiro.

Vida desinteressante (Victor Heringer) – Entre fevereiro de 2014 e maio de 2017, o autor assinou 70 textos para a Revista Pessoa. Na coluna, o escritor registrou um pouco de tudo: o cotidiano, as referências literárias, a infância no Rio de Janeiro, a mudança para São Paulo, as novas e as velhas amizades, os sebos, as viagens, a política, o noticiário e um Brasil em franca ebulição. A obra traz uma prosa situada entre memórias, ensaios, anotações e crônicas – ou anticrônicas, como aponta Carlos Henrique Schroeder, que assina a organização e a apresentação deste volume.

Cousa
Vitória/ES

Histórias ao redor (Flávio Carneiro) – De escritor a personagem da sua própria palavra, é nessa inversão que Flávio Carneiro torna-se mediador de si mesmo em uma compilação de crônicas, escritas entre 2016 e 2018, nos apresentando, de forma leve e íntima, toda uma série de experiências que só acontecem pela sua ligação com a literatura. Histórias ao Redor é o livro convite de um escritor pela sua vivência literária ou pela interpretação que a literatura deu às coisas simples do cotidiano. Foi a obra vencedora do Jabuti 2021, na categoria crônica.

Dublinense
Porto Alegre/RS

A volta ao quarto em 180 dias (Yuri Al’Hanati) – Finalista do Prêmio Jabuti 2021, em seu segundo livro de crônicas, Yuri trata do isolamento social e das vivências dos primeiros seis meses da pandemia. Quando cada um está voltado para dentro, para o próprio quarto, Al’Hanati ausculta os elementos que, durante a quarentena, ganham novos teores simbólicos, desde o vinho até a máquina de lavar. Colado num presente que ainda carece de entendimento, A volta ao quarto em 180 dias é um livro para ser lido enquanto ainda está sendo escrito.

Editacuja
São Paulo/SP

Transfer (Kevin Kraus) –  “Entre 2013 e 2016 residi em Londres (…). Quase que a totalidade dos textos reunidos neste livro foram escritos em movimento – em vagões de metrô e trens, durante viagens noturnas de ônibus, em aviões de baixo custo quando saía em viagem pelo continente dos exploradores. Há declaradamente uma intenção e, consequentemente, uma impressão de mal-estar, da opressão e fardo impostos para o habitante estranho que perpassam essas cronipoéticas”. Esta é a proposta do livro, publicado pela Coleção Caravelas, da Editacuja.

Editus
Ilhéus/BA

Gabriel García Márquez e outras crônicas (Cyro de Mattos) –  Em seu quinto livro de crônicas, Cyro de Mattos, cronista da RUBEM, reúne 43 crônicas distribuídas em três compartimentos: Crônicas literárias, Crônicas de futebol e Crônicas de natureza diversa. São crônicas nas quais se pretende revelar que a vida passa porque é incompleta, falha, não se basta em si mesma, mas é salva pela linguagem literária quando articulada com sentimento e razão, o que dá valor a ela.

Impressões de Minas
Belo Horizonte/MG

1929 (Rafael Fava Belúzio) – O livro reúne 29 crônicas escritas entre os anos de 2009 a 2014, retrabalhados, principalmente, durante a pandemia de 2020-2021. Doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais, Rafael Belúzio é conhecido pelo seu olhar de cronista, atento e certeiro nas observações do cotidiano das cidades. Em 1929, o autor traz releituras de tradições literárias brasileiras, articulando aspectos locais e universais, de modo a trazer potentes reflexões sobre a vida por meio de uma linguagem fluida.

José Olympio/Record
Rio de Janeiro/RJ

Vida vertiginosa (João do Rio) – Publicado em 1911, o clássico de João do Rio tem sua primeira edição anotada, contextualizando histórica e culturalmente o Rio de Janeiro retratado sob o olhar de um dos maiores cronistas brasileiros. A obra é uma das maiores sobre a belle époque carioca. Nela, há um olhar investigativo sobre o Rio de Janeiro, então capital de um Brasil em franco processo de modernização. A crônica pioneira de João do Rio é resultado de suas deambulações, sua flânerie, por uma cidade efervescente, em completa transformação.

Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas (Rachel de Queiroz) – Publicado originalmente em 1958, 100 crônicas escolhidas reúne parte da produção jornalística, escrita entre 1940 e 1950, de Rachel de Queiroz, a primeira mulher eleita à Academia Brasileira de Letras. Com humor, ironia e ternura entrelaçados, os textos apresentam um amplo retrato do Brasil e sua gente, tocando em diversos assuntos cotidianos. O leitor encontrará aqui drama, comédia, crítica, folhetim, relato de sonho, prosa poética, núcleos e embriões de romances.

Laranja Original
São Paulo/SP

Pequenas crônicas do passado (Filipe Moreau) – Quando o registro se torna necessário, é possível transformar o cotidiano em arte. Para tal, é indispensável ser um apaixonado pela linguagem escrita e conhecedor das palavras. Filipe Moreau, na posição de contador da vida, deixa, nesta obra, que seus registros falem por si. Mais que um conhecedor, somente um apaixonado pelas palavras poderia transformar o exílio da escrita solitária em pátria. De modo nem tão aleatório, o autor indica o percurso de um indivíduo no caminho do pensamento.

Maralto
Curitiba/PR

Ninguém em casa (Luiz Ruffato) – As crônicas que compõem o livro tratam de mais do que a vida imediata, cotidiana, ainda que contemplativa, e convidam os leitores à intimidade do menino pobre e de sua família, na pequena Cataguases/MG, e à sua improvável trajetória como escritor. Os textos têm tom memorialístico e são marcados pelo olhar atento e voltado para a vida comum. A escrita literária, que desloca o cotidiano de seu tempo e espaço, faz deles – os textos, seus acontecimentos, personagens e lugares – uma experiência mediata de saudades, lembranças e um suspiro de melancolia.

Moinhos
Belo Horizonte/MG

Doida pra escrever (Ana Elisa Ribeiro) – Doida pra escrever: é assim que a autora se sente quando é assaltada pelas infinitas e infindáveis tarefas cotidianas que não deixam tempo algum para a escrita e a leitura. Doida pra escrever é a melhor tradução do estado em que esta autora se encontra depois de uma semana exaustiva, depois de um dia massacrante e antes de ser vencida pelo cansaço e pelo sono. A obra foi lançada em 2021.

Mirada
Recife/PE

Não é sobre você (Germana Accioly) – O exemplar conta com poemas e crônicas produzidas entre 2007 e 2021. Germana escreve sobre a vida cotidiana e sobre fatos que chamam a atenção na sua cidade natal – o Recife. A capa e as ilustrações do livro são assinadas pela artista plástica Dani Acioli. A obra foi produzida a partir de um financiamento coletivo e toda a equipe que trabalhou no processo é composta por mulheres. Um processo colaborativo desde a curadoria, revisão, edição e divulgação.

Objetiva/Companhia das Letras
São Paulo/SP

A arte de torrar café: narrativas além da ficção (Ronaldo Correia de Brito) – A difícil realidade brasileira e as mudanças no mundo estão retratadas nestas crônicas de Ronaldo Correia de Brito. Elas se entrelaçam e se complementam, criam mistério e enfrentam o inesperado, num fluxo de texto claro e emocionante. Lamentam a perda de pessoas queridas, mas também celebram a força dos que estão aqui para lutar.

Verissimo Antológico: meio século de crônicas, ou coisa parecida (Luis Fernando Verissimo) – Esta antologia reúne cinco décadas da produção de Luis Fernando Verissimo como cronista, incluindo textos inéditos em livro, outros que estão há muitos anos fora de circulação e também aqueles que se tornaram clássicos. Em comum entre eles, a inteligência e o humor de Verissimo, e sua reconhecida capacidade de traduzir em poucas linhas a complexa natureza humana.

Patuá
São Paulo/SP

Conheço duas formas de acabar com a vida que são tiro e queda (Arzírio Cardoso) – A obra foi finalista do Prêmio Jabuti 2021 e conta com textos bem-humorados e que fazem pensar. As crônicas da coletânea, ora reais e ora inventadas, são focadas em ideias incomuns da realidade. Arzírio Cardoso, poeta e cronista do Jornal Plural, tem poemas e crônicas publicados nas principais revistas literárias do país.

A teoria da felicidade (Kátia Borges) – Neste livro, Kátia Borges resgata a tradição jornalística da boa prosa, compilando textos marcados por um poder de cativar tanto quanto de fazer refletir sobre questões do nosso tempo. A autora enreda o leitor pelo tom e pelo apuro com que constrói suas histórias, transmitindo suas próprias experiências na solda desse elo de leitura, impossível de ser desatado até que se chegue ao ponto final. A obra foi finalista do Jabuti 2021.

Cronicamente (Marcela Mattar) – A obra, lançada em 2020, reúne 39 crônicas que colocam em evidência a condição humana e as diferentes formas de vida que são autoimpostas para que se sobreviva. O livro destila leveza, humor e uma fina ironia. Nele, a autora trata do desafio e da delícia de ser esposa, mãe e irmã, no caso, a terceira de quatro.

Penalux
Guaratinguetá/SP

Para a hora do coração na mão (Taylane Cruz) – A crônica brasileira tem, numa de suas tradições, a reflexão lírica. Aqui, estamos diante de uma autora que se propõe a seguir esta linhagem. E faz isso muito bem. Mas cuidado, “não há tarefa humana mais perigosa e difícil do que a de adentrar um coração”, alerta Taylane Cruz, também cronista da RUBEM. A obra saiu pela editora Penalux e é a primeira incursão da autora no gênero.

Realejo
Santos/SP

O máximo que eu consegui (Cássio Zanatta) – “Um título com dupla leitura: uma, em que o máximo corresponde ao maior número de crônicas que já reuni em livro; e outra, que se refere às conquistas (e não-conquistas) que a gente acumula nesta vida, as verdadeiras e, principalmente, as inventadas”, é o que conta Cássio Zanatta, cronista da RUBEM.

Record
Rio de Janeiro/RJ

Qualquer lugar menos agora (João Paulo Cuenca) – Em 2021, pico da pandemia no Brasil, Cuenca decidiu trazer crônicas de viagem para tempos de quarentena, com Qualquer lugar menos agora, lançado pela editora Record. “Se cada viagem é feita de instantes, conte com Cuenca para registrar alguns deles com a sensibilidade de quem busca vibrações inesperadas para descrever por onde passa, de uma pista de dança lenta em Cabo Verde a uma noite sem breu em Estocolmo”, conta Zeca Camargo.

Todavia
São Paulo/SP

Vento vadio (Antônio Maria) – Esta antologia, concebida e organizada pelo escritor e pesquisador Guilherme Tauil, ajuda a colocar Antônio Maria no panteão dos clássicos da crônica. Em 185 textos, a grande maioria inédita em livro, o leitor de hoje pode fazer uma viagem ao passado — e voltar com a certeza da atualidade de um autor que escrevia com bossa e inteligência singulares.

Mas em que mundo tu vive? (José Falero) – Publicadas na revista Parêntese, as crônicas líricas, humorísticas, indignadas e cheias de bossa trazem o cotidiano e a originalidade da voz narrativa do porto-alegrense José Falero. “O leitor por acaso já carregou cimento? Há algo curioso a respeito disso: quanto mais sacos se carrega, tanto mais parece pesar cada um deles”, escreve o cronista no texto que batiza o volume, publicado em 2021.

Você já leu algum deles?

Anthony Almeida