
Luís Giffoni*
A felicidade é um prato descomplicado de fazer. É verdade que leva muitos ingredientes, pode custar caro, admite variações, às vezes demora, muita gente jura que o inventou, mas cada um de nós possui talento inato para alcançar as três estrelas do Michelin. É fácil.
Adicione sempre um pouco de desejo à receita. Sem desejo, o prato perde a atração. Preocupações exageradas põem tudo a perder. Cultura e conhecimento podem ser usados à vontade, senão não se aproveita todo o paladar. A Lua deve entrar no tempero, para o cheiro subir ao espaço. A natureza também, para se apurar o gosto da vida. Nada como polvilhar sobre o molho o canto do sabiá ou do pintassilgo, como preferir. Providência simples, que acrescenta doçura. Poesia também entra no preparo. Substitui o sal, quando vem das entranhas.
A base, no entanto, continua você mesmo, suas escolhas, suas preferências. Você decide o que usar e, ao servir-se, será o supremo juiz. Chame os amigos e os parentes para ajudá-lo na cozinha. Eles realçam as delícias da sua receita.
Importante: não se esqueça do ponto. Retire do fogo na hora certa. Tem ente que esperou tanto o prato ficar pronto que morreu antes. Com fome.
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* Luís Giffoni tem 25 livros publicados. Recebeu diversas premiações, como do Jabuti de Romance, da APCA, do Prêmio Nacional de Romance – e de Contos – Cidade de Belo horizonte, Prêmio Minas de Cultura – Prêmio Henriqueta Lisboa. No momento trabalha num romance que viaja pela América do Sul. Na RUBEM, escreve quinzenalmente aos sábados.
nildamacedopaulino
04/03/2017
Lindo seu BLOG!!! Estou seguindo!!! Siga o meu também!!! Beijos!!!
Raul Drewnick
04/03/2017
A hora certa é que são elas, Luís… Tenhamos à mão um relógio suíço. Abraços
Marli Carvalho da Silva
04/03/2017
Receita infalível para saciar paladares sedentos de afeto.Tão simples, mas preferimos complicar! Ah..e a lua e a natureza e a Poesia e os pássaros ajudam no equilíbrio do tempero.. Se puder, visite minha página no Face: Marlli Carvalho